quinta-feira, 3 de maio de 2007

Liberdade (in)condicionada?!



Para o homem moderno, a palavra liberdade tem uma ressonância quase mágica, ela é, de algum modo, a suprema aspiração da sua realização pessoal – ser mais livre para poder viver melhor – é um dos horizontes da era da cibernética.
Que significado carrega o ser livre?
Adiantamos um possível significado: saber o que se faz e porque se faz determinada acção; dar um sentido à vida e assumir pessoalmente esse sentido. O homem em si mesmo sente necessidade de assumir um conjunto de valores para poder viver em harmonia com os outros. A existência humana, vive o seu sentido na representação articulada, entre as determinações sociológicas e a vontade, tendo por palco a própria liberdade. A liberdade é o espaço onde o homem “joga” a vida. É uma construção intrínseca a nós próprios.
A população prisional portuguesa é constituída, maioritariamente, por jovens e adultos com baixos níveis de escolaridade e provenientes de situações familiares precárias, originado pelo abandono precoce do sistema educativo; pelas dificuldades em aceder ao sistema de formação profissional; pela degradação económica e pela falta de valores morais no seio da família.
Existem cerca de 15 mil reclusos, homens e mulheres, sendo a maior parte deles reincidentes. O recluso torna-se o resultado de vários fracassos pessoais e sociais portanto, se a criminalidade continua a aumentar, a sociedade deve interrogar-se sobre a origem de tal flagelo.
Como se constrói a liberdade nas cadeias portuguesas em especial a do Estabelecimento Prisional Regional de Braga? O que se faz por trás das grades em conquista de um futuro diferente para quem nelas habita? Quais os problemas, os sofrimentos, os dramas, os sonhos de quem passa longos anos a expiar um crime? O que faz a sociedade na reinserção dos reclusos? Que oportunidades lhes são dadas quando já não existem muros? Que contributo dá a Igreja Católica?
Já não vivemos no tempo da caridade sentimental sem qualquer acção imediata. Torna-se necessário abrir os olhos e reflectir, com abertura, os verdadeiros problemas da sociedade prisional. Fechar os olhos é semear frutos venenosos, que mais tarde ou mais cedo iremos colher.
Foi pois com este estado de espírito, que o nosso grupo, procurou conhecer, de que forma (maneira) a sociedade está a contribuir para que os reclusos possam encontrar a sua dignidade e realizar-se. Semelhante luta, não a pode travar sozinho. Ela só será eficaz se a sociedade aceitar recebê-lo de novo, deixando-o trilhar novos caminhos. A sociedade não pode esfregar as mãos, como se tudo já estivesse feito ou perdido. Tem que contribuir no acolhimento sincero e verdadeiro na esperança de criar novas oportunidades.



1 comentário:

Clara Coutinho disse...

Caros alunos, de novo, e volto a repertir-me gosto muito de ler os vossos posts e este não foi excepção. Está bem escrito e toca num tema que nos preocupa a todos. Acho que escolheram um grupo alvo muito complicado mas que merece todo o meu apreço e curiosidade. Digo curiosidade porque estou cheia de vontade de ver nascer um projecto destinado a esse publico tão carenciado e tão marginalizado na nossa sociedade. Parabéns pela coragem. E...bem hajam por terem tido coragem!