quinta-feira, 24 de maio de 2007

"As palavras que ns calam a alma"


O ser humano é o único ser vivo que se pergunta sobre o sentido da sua vida: educar para sentir e ter sentido, para cuidar e cuidar-se, para viver com sentido em cada instante da nossa vida. Somos humanos porque sentimos e não apenas porque pensamos. Somos parte de um todo em construção. Mostrar sentimentos através de palavras permite-nos navegar por outros mares... O poema que se segue ilustra sentimentos, transparece sonhos, reflecte a alma de quem deixou fugir o mundo das suas mãos.


Acumulo estas palavras

Se antes de abrir a boca
Já está tudo dito
Deverei abrir a boca?

Enredar-me nas águas
Se o mar consome as areias
Por toda a parte?

Levantar-me alucinado
Se as nuvens apagam o fogo
Mais cedo ou mais tarde?

Se não há nada para dizer
Onde acumulam as palavras
Que não foram ditas?

Só tu as podes ditar…


Recluso Nº 186

terça-feira, 15 de maio de 2007

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Um pouco de história...


Dando seguimento ao nosso projecto, hoje procuraremos dar vida à Instituição escolhida, bem como, focaremos alguns dos Serviços que ela oferece. Só assim fará sentido a elaboração do projecto que pretendemos executar. Assim sendo, o Estabelecimento Prisional de Braga está instalado no edifício da antiga cadeia comarcã, tendo sido criado no ano de 1972. Este é composto por quatro alas (celas e camaratas) e está dotado de um pátio de recreio no qual são praticadas várias modalidades. Em cada ala existe também um refeitório que é também transformado, sempre que necessário, em ala de convívio bem como duas salas de aulas e Biblioteca. Este estabelecimento prisional destina-se, essencialmente a reclusos preventivos à ordem dos Tribunais das Comarcas de Amares, Braga, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho e Vila Verde.
Como serviços, este dispõe de uma equipa de saúde composta por um médico, um enfermeiro e um auxiliar de acção médica. O acompanhamento e tratamento dos toxicodependentes é feito em colaboração com o CAT de Braga, o Hospital de S. Marcos e a ARS de Braga. Anualmente é efectuada a vacinação contra a Hepatite B e feito o rastreio da tuberculose.
Tendo como objectivo primordial a futura reinserção social, são desenvolvidos cursos, organizados pela Direcção Geral dos Serviços Prisionais; Estabelecimento Prisional Regional de Braga e pelo Centro Protocolar para o sector da Justiça, de operadores de informática, de pedreiro e de cestaria.
A par dos primeiros, e inscritos no Projecto Educativo de cada ano, são realizados cursos e ateliers, nomeadamente de pintura e cerâmica, formação musical, tecnologias de informação e comunicação, língua e cultura portuguesa e educação física e desporto que visam essencialmente o desenvolvimento das capacidades intelectuais.
É possível aos reclusos frequentarem o 1º e 2º ciclos podendo obter diploma de aproveitamento do quarto e do sexto ano. As aulas são ministradas por dez professores do Ministério da Educação e abrangem 22% da população prisional podendo ser complementadas por visitas de estudo.
No próximo post apresentaremos as valências do Voluntariado na referida Instituição!

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Liberdade (in)condicionada?!



Para o homem moderno, a palavra liberdade tem uma ressonância quase mágica, ela é, de algum modo, a suprema aspiração da sua realização pessoal – ser mais livre para poder viver melhor – é um dos horizontes da era da cibernética.
Que significado carrega o ser livre?
Adiantamos um possível significado: saber o que se faz e porque se faz determinada acção; dar um sentido à vida e assumir pessoalmente esse sentido. O homem em si mesmo sente necessidade de assumir um conjunto de valores para poder viver em harmonia com os outros. A existência humana, vive o seu sentido na representação articulada, entre as determinações sociológicas e a vontade, tendo por palco a própria liberdade. A liberdade é o espaço onde o homem “joga” a vida. É uma construção intrínseca a nós próprios.
A população prisional portuguesa é constituída, maioritariamente, por jovens e adultos com baixos níveis de escolaridade e provenientes de situações familiares precárias, originado pelo abandono precoce do sistema educativo; pelas dificuldades em aceder ao sistema de formação profissional; pela degradação económica e pela falta de valores morais no seio da família.
Existem cerca de 15 mil reclusos, homens e mulheres, sendo a maior parte deles reincidentes. O recluso torna-se o resultado de vários fracassos pessoais e sociais portanto, se a criminalidade continua a aumentar, a sociedade deve interrogar-se sobre a origem de tal flagelo.
Como se constrói a liberdade nas cadeias portuguesas em especial a do Estabelecimento Prisional Regional de Braga? O que se faz por trás das grades em conquista de um futuro diferente para quem nelas habita? Quais os problemas, os sofrimentos, os dramas, os sonhos de quem passa longos anos a expiar um crime? O que faz a sociedade na reinserção dos reclusos? Que oportunidades lhes são dadas quando já não existem muros? Que contributo dá a Igreja Católica?
Já não vivemos no tempo da caridade sentimental sem qualquer acção imediata. Torna-se necessário abrir os olhos e reflectir, com abertura, os verdadeiros problemas da sociedade prisional. Fechar os olhos é semear frutos venenosos, que mais tarde ou mais cedo iremos colher.
Foi pois com este estado de espírito, que o nosso grupo, procurou conhecer, de que forma (maneira) a sociedade está a contribuir para que os reclusos possam encontrar a sua dignidade e realizar-se. Semelhante luta, não a pode travar sozinho. Ela só será eficaz se a sociedade aceitar recebê-lo de novo, deixando-o trilhar novos caminhos. A sociedade não pode esfregar as mãos, como se tudo já estivesse feito ou perdido. Tem que contribuir no acolhimento sincero e verdadeiro na esperança de criar novas oportunidades.



terça-feira, 1 de maio de 2007

...e quem espera sempre alcança!

Qualquer bom trabalho exige o seu tempo e, tal como referimos num dos post anteriores, é necessário que haja paciência e acima de tudo sabedoria para qualquer criação. Depois de alguma pesquisa e estudo acerca do que é afinal a Animação Sócio-cultural e qual o seu objectivo, começamos nesta altura a esboçar aquele que poderá ser o nosso projecto/actividade que será o culminar deste projecto.
Deste modo iniciaremos a actividade com uma breve dissertação focando o tema central: a liberdade. Sendo a Instituição seleccionada o Estabelecimento Prisional de Braga e o público alvo os reclusos faremos, nos próximos posts, uma descrição do estabelecimento e dos serviços que este oferece.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Entre o claro e escuro da vocação


Nas conferências alguém nos dizia que seriamos animadores... Essa era uma vocação! Mas, será?? Mas... e como eu posso saber se tenho ou não vocação? É que a vocação é como um claro-escuro. «E isso o que quer dizer?» A vocação é um caminho com momentos de certezas absolutas e momentos de dúvidas insuportáveis. Mesmo assim, como posso saber eu se é ou não vocação?

A arte diz que o fenómeno do claro-escuro faz-nos aperceber do geral conteúdo duma obra pela combinação de luzes e sombras...
Mas afinal o que é a vocação? È muito difícil definir a vocação sem cair em termos subjectivistas ou, pelo contrário, friamente objectivistas. Por exemplo, é a vocação um impulso interior? Sim, de alguma forma é isso, mas não só. É então decidir-se por um estilo de vida, deste modo ou de outro, por uma livre e consciente decisão? Também é isso, mas não só. É, porventura, um chamamento que bate à porta do coração e nos seduz para viver e proclamar o seu amor sem nos deixar hipótese alguma de fugir? É e não é.
Podia-mos seguir a nossa conversa, alargando as perguntas e respostas, sem obter uma única e absoluta que contenha em si toda a verdade sobre a vocação. Isto acontece porque a vocação não é um facto frio e acabado mas é um mistério de amor.
«E como se deve agir diante de um mistério?» Com contemplação; isto é, olhar com olhos de criança: pureza, simpleza, humildade..., e aceitar ou considerar como um ancião: com sensatez, com prudência, com delicadeza, em último termo; com amor e carinho. Deste modo, eu diria que a vocação é como um “bichinho interior” que nos impulsa e nos expulsa para nos entregar sem reservas... Todavia, esta definição peca de ser muito pobre, vou tentar enriquecê-la... A vocação é sentida um chamamento nas nossas vidas, no nosso dia a dia, no concreto das nossas actividades para levar-nos a gozar, e levar os outros a gozar também, das delícias do verdadeiro Amor. Ainda mais, a vocação é a maior prova do Amor que alguém nos dotou, que nos quer assim tão pobrezinhos como somos, com as nossas limitações e os nossos defeitos.

Na nossa vida quotidiana chamamos sinais àquelas referências materiais (ou não) que nos advertem para isto ou aquilo. Assim temos os sinais de trânsito, os sinais ortográficos, os sinais da natureza... Na vida da vocação também se encontram sinais que nos advertem para um “possível” chamamento.

Esses sinais são interiores e exteriores, sendo os interiores aqueles que sentimos no íntimo do nosso ser aonde ninguém pode entrar se não o permitirmos, e os exteriores aqueles que nos vem de fora; isto é, pessoas, acontecimentos, situações, etc. Os sinais exteriores podem funcionar como uma aprovação ou certificação dos sinais interiores porque depois de sentir certas inclinações interiores vemos que acontece um acto exterior a nós que nos impulsiona para isto ou aquilo e nos leva a pensar que isso tem um motivo, que não é por acaso, que significa alguma coisa...
Em todo o caso, quer sejam interiores quer sejam exteriores, os sinais são aquelas setas que nos vão apontando o caminho para podermos chegar à meta onde veremos mais claro aquilo que devemos fazer...

Missionários das novas Tecnologias

Serão as TIC um modo de animação?
Hoje podemos apontar os grandes grandes eventos que marcaram o ínicio da era da comunicação global: o lançamento do satélite de comunicações pela NASA (o chamado «Echo1») e a primeira transmição em directo para todo o mundo dos Jogos Olimpicos de Tóquio.
Deste modo, os satélites e os computadores deram início à chamada "auto-estrada da comunicação". Assim, podemos conhecer em directo tudo o que se passa no mundo graças às TIC. Para além da comunicação social, existem outras áreas da vida que também beneficiam com as novas tecnologias, como por exemplo:
- arte e cultura: podem ser conservadas e divulgadas;
- aulas: podem ser interactivas, apresentações digitais ou video-conferências;
- medicina: na pesquisa de medicamentos, prestação de cuidados;
- cinema, música, teatro;
- prevenção de catástrofes e rápida ajuda humanitária...
São inúmeros os motivos para celebrar as vantagens das novas tecnologias. Apesar disso dados na ONU alertem que a maioria da população mundial não têm acesso ás tecnologias. Enquanto na Europa, em cada 100 pessoas 33 usam a Internet, no Sudueste da Ásia e da África são apenas 2 e na América 9. As razões apontadas são inúmeras, tais como a pobreza, a falta de eléctricidade, a governação do país...
Apesar dos países pobres pediram esforços aos países ricos para os ajudarem a vencer o atraso do desenvolvimento ainda existem 120 milhões de crianças que não frequentam uma escola... Caros colegas, "missionários" das novas tecnologias... é urgente!!! E porque não, começar pelos animadores?!