sexta-feira, 13 de abril de 2007

Será este o cúmulo da Paciência?


Os monges de um convento, vendo que as paredes do refeitório estavam muito feias e manchadas, mandaram vir o pintor da aldeia. O artista acorreu à chamada, munido de escadote, tintas, pincéis, baldes. Olhou demoradamente para as paredes da sala em causa, colocou as suas ferramentas a um canto e despediu-se. Os monges esperaram-no no dia seguinte e no outro e no outro… Se o artista não dava ares de querer aparecer, os bons dos monges também não se precipitavam a convocar a sua presença. Passadas algumas semanas, o dispenseiro do convento viu o pintor. Nas suas voltas pelo mercado da aldeia avistou-o, sentadinho num banco, pasmado a observar o que de legumes e frutas havia por ali em exposição. Não ousou o monge aproximar-se, para não o distrair, mas relatou o que vira aos seus superiores. Dias mais tarde, outro monge, encarregado de procurar ervas curativas nas margens de um rio próximo, descobriu o pintor, muito absorto a olhar para as árvores e para as águas da corrente. Sem se fazer notar, voltou para o convento e deu conta do que vira. E assim continuaram à espera até ao dia em que o pintor bateu ao portão do convento. Ninguém lhe fez perguntas e ele, silenciosamente, deitou mãos à obra. Grande foi a alegria dos monges ao verem aparecer nas paredes do refeitório os mais belos e variados motivos, desde bancas repletas de hortaliças e frutas, a peixes prateados no leito de um rio cercado de árvores que muito bem conheciam...

Os monges desta história, com sabedoria e paciência, deram tempo ao pintor para encontrar os elementos e a inspiração de que carecia para o seu trabalho. Mas sabedoria e paciência também assistiram ao pintor, já que soube cumprir o seu tempo de demanda de motivos, sem os quais aquela encomenda não poderia ter boa execução. Tal como os monges desta história, também nós (os animadores da história), sentamo-nos num belo prado, respiramos com a mesma profundidade com que suspiramos no dia em que nascemos e, naquela “tranquilidade da ordem”, naquela Harmonia, que se reflecte no rosto do homem, como uma espécie de sinfonia dos valores mais belos, inscritos na partitura da Humanidade esperamos perceber, ao fim e ao cabo, que a paciência é a síntese de todos os bens, o corolário, o fruto mais belo, dos bons frutos, cultivados no campo do mundo! E, acreditamos que, em última instância, esta paciência conduzir-nos-á à meta proposta, ao culminar desta jornada!

1 comentário:

Clara Coutinho disse...

Gostei da história, mas como vos disse acho que o culto da paciência faz parte de uma maneira de estar na vida que nós ocidentais não cultivamos. É o budismo que está na base dessa filosofia de vida sem dúvida nenhuma.